Ele queria era que o deixassem em paz
Contrariando os desígnios da infância, Rómulo de Carvalho não seguiu um curso de literatura. Formou-se em Ciências Fisico-Quimicas. Tornou-se professor de liceu. E o nosso espanto plutocrático não pára de crescer. Mas apenas isso? Um professor de liceu?
“Ele queria era que o deixassem em paz”, diz Cristina Carvalho.
Quando era professor no Liceu Camões foi pressionado pelo reitor a inflacionar a nota de um aluno para que este entrasse na Universidade. Pediu a transferência para outra escola. Depois do 25 de Abril, quando um aluno que tomava conta da porta do Liceu Pedro Nunes lhe bateu com uma vara de madeira no braço e declarou à boa maneira ditatorial do novo regime “este pode entrar”, Rómulo de Carvalho meteu os papéis para a reforma.
Pelo meio tinha construido quase sozinho o laboratório experimental daquela escola que tantos cientistas formou. Tinha escrito dezenas de livros de divulgação cientifica destinados mesmo a ensinar ciência num pais quase analfabeto. Elaborou currículos e manuais escolares, ensinou professores.
Entre os seus alunos diletos estavam Mariano Gago, António Mega-Ferreira, Marcelo Rebelo de Sousa, Nuno Crato. É Mariano Gago que, em 1996, vai instituir o 24 de Novembro, dia em que nasceu Rómulo de Carvalho, como Dia Nacional da Cultura Científica.
in Observador