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Livrologia

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13
Set23

António Gedeão rasgava todos os poemas que tinha e os que ia escrevendo

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Filho de uma mãe que aos domingos lia nas cartas destinos gloriosos ou funestos, que durante a vida a adulta não saiu de casa mais do que umas poucas dezenas de vezes, Rómulo, foi também ele tocado pelos mistérios que a ciência não explica e pelas regiões de sombra que só as palavras superficiais e sentimentais parecem resolver.

“Era aristocraticamente distante, a sua autoridade vinha do seu exemplo, da sua auto-exigência. Era delicado mas poderosamente frontal. Detestava e desconfiava seriamente dos sentimentalismos”, recorda a filha do poeta.

Talvez por uma auto-exigência, mas também por timidez ou insegurança, só vai atrever-se a publicar a sua poesia perto dos 50 anos, depois de muito rasgar.

No livro de memórias Rómulo de Carvalho/António Gedeão, o Príncipe Perfeito (ed. Estampa), Cristina Carvalho conta que ele nunca deixou de escrever poesia, mas que rasgava tudo não temendo “deitar a perder todo aquele sofrimento (…) Rasgava todos os poemas que tinha e os que ia escrevendo, protegia-se de toda a dor e de todos os entendimentos.”

in Observador

13
Set23

Tudo é Foi

Fecho os olhos por instantes
Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.

Já outro ar me rodeia:
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.

Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.

Momento, tempo esgotado,
fluidez sem transparência.
Presença, espectro de ausência,
cadáver desenterrado.

Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.

Poema Tudo é Foi in Movimento Perpétuo 1956

in Obra Completa de António Gedeão

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