Em 2023 comecei a ler de outra forma

Leio devagar e pouco, mas com a nova disciplina que implementei no início de 2023 os resultados estão à vista: li mais livros do que no ano anterior e o ano ainda não acabou.

Cometi muitos erros anteriormente que me valeram sérios atrasos nos meus ciclos de leitura. Há tanto que ainda quero ler e não me posso dar ao luxo de ler tão pouco durante 365 dias.

Por isso, em 2023 comecei a ler de outra forma.

Tenho este grave defeito de me dispersar por várias leituras e estar a ler demasiados livros em simultâneo. Continuo a fazê-lo e creio que muito dificilmente ficarei curada deste vício livresco. E por causa deste vício, deixo de ler muitos livros que estão na minha lista por ler. Por isso decidi dizer um basta.

De 2023 em diante decidi:

• Ler alguns minutos diariamente à hora de almoço. Não importa quantas páginas leio durante essa hora, o importante é ler de uma forma coerente e sistemática;
• Ler alternadamente. Vou lendo prosa e poesia, às vezes teatro, de forma alternada, para não cansar;
• Se me canso de ler sempre o mesmo autor, posso recorrer ao meu vício livresco e escolher um dos autores para o qual fujo quando me quero dispersar;
• Nos dias de maior cansaço e desconcentração opto por ler poesia.

Tem ou não um artista o dever de conservar todos os esboços, ensaios e tentativas das suas obras?

Porque é legítimo perguntar-se: tem ou não um artista o dever de conservar todos os esboços, ensaios e tentativas das suas obras?

Enquanto um artista dá execução a uma obra, normalmente saltam-lhe à mão muitas pequenas soluções vulgares, pelo mais fácil umas vezes, outras, pelo mais espectacular, e há sempre uns pontos dúbios que não conseguiram ser totalmente iluminados pelo jacto de luz da sua inspiração. É natural que o artista tenha um certo pudor de mostrar as pegadas desajeitadas que deixou no seu caminho. Pudor e, vamos lá, também a vaidade e o orgulho, podem interferir no caso.

in Regresso ao Caos (1960) de Natália Nunes