O prestígio do oráculo de Delfos foi crescendo ao longo dos tempos
Uma pequena pausa na leitura de Teseu e Rómulo para falar sobre Delfos, a cidade antiga da Grécia que se tornou o palco de muitas das aventuras mitológicas e que se tornou famosa pelo seu oráculo e pelos Jogos Píticos que aí se celebravam de 4 em 4 anos, no meio das Olimpíadas.
O oráculo de Delfos foi o mais importante dos tempos clássicos. Oráculo significa a resposta de um deus a uma questão que lhe é feita por alguém que o adora ou pelo corpo de sacerdotes que administra um santuário.
A vontade do deus era manifestada através de dados lançados ou da observação de signos, como é o caso do movimento de objetos atirados para dentro de fontes, o movimento da imagem do deus quando era transportada, as marcas das entranhas das vítimas que eram sacrificadas perante o altar do deus e pelo ressoar do cair das sementes no altar do deus. Depois de cumpridos os ritos preliminares de purificação e sacrifício, o inquiridor que consultava o oráculo dormia toda a noite no santuário e tinha uma visão.
Nos oráculos mais desenvolvidos, o deus falava através de um homem ou de uma mulher, como é o caso do oráculo de Delfos presidido pelo deus Apolo. Aqui o oráculo era fornecido pela Pítia, uma mulher jovem, profetisa, que após passar alguns dias em cerimónias de purificação, entrava em transe, durante o qual ouvia as perguntas que lhe eram feitas. As suas palavras confusas eram interpretadas e traduzidas pelos sacerdotes, em prosa ou em verso, com uma certa dose de ambiguidade, para não dizer inexplicáveis para o inquiridor, que tinha de recorrer a peritos para compreender a resposta.
O prestígio do oráculo de Delfos foi crescendo ao longo dos tempos. Este oráculo era consultado por particulares, acerca de assuntos privados e, por chefes de Estado e do Governo. Desde o século VI ao século IV a. C. que o oráculo de Delfos desempenhou, assim, um papel muito importante na política da Grécia, favorecendo a colonização, já que antes da partida de qualquer grupo este consultava, primeiramente, a Pítia que interpretava a vontade de Apolo e lhes dava a orientação acerca do território onde deveriam fundar a nova cidade. Além disso, e acima de tudo, este oráculo foi de suma importância porque proporcionava às cidades mais isoladas da Grécia terem um local de encontro para verem os Jogos Píticos.
O oráculo foi perdendo o seu crédito, uma vez que para questões importantes para a vida da pólis recusava-se a dar respostas concretas. Sob o domínio do Império Romano, o oráculo voltou a gozar de um certo revivalismo no tempo de Adriano, mas a astrologia foi ganhando importância, proporcionando uma nova fonte alternativa de profecias. Com o surgir do cristianismo como religião oficial do império romano de Constantino, o oráculo de Delfos chegou ao fim.