Quando entramos numa sala a meio de uma conversa da qual estivémos ausentes
Logo que abri a primeira página de Assembleia de Mulheres, entrei a meio de uma conversa que estava a decorrer entre as personagens. Exactamente a mesma sensação que experimentamos quando entramos numa sala a meio de uma conversa da qual estivémos ausentes.
É assim que o livro começa, uma forma original de entrarmos numa história que não é apenas uma, mas várias.
Vamos acompanhando o quotidiano de várias mulheres que trabalham como curadoras num museu de Lisboa. Não há narrador e as personagens encontram-se no mesmo espaço comum, no local de trabalho, a conversar. E sobre quê?
Sobre as suas vidas e as vidas dos outros, pura coscuvilhice em voz alta e em pensamento. Enquanto cada uma expressa verbalmente a sua opinião, o pensamento é de puro escárnio e maldizer. Ambos revelam a falta de objectivos, a falta de ambição no modo como todas esperam impacientemente pelas 17:00h em que saem do trabalho, os preconceitos, a infelicidade conformada destas pequenas vidas em submissão.