Natália Nunes não desvenda o humano numa fórmula matemática
A novela O Caso de Zulmira L. contém as sessões de psicanálise de Zulmira L.
Personagem fictícia ou pessoa real?
O livro é-lhe dedicado e, como tal, assumo que Zulmira L. teve uma existência de carne e osso. Logo na primeira página Natália Nunes escreve:
Quando acabei de me formar, resolvi dedicar-me à Psicologia. Creio que a isso me levou o meu interesse pelo desvendamento do humano.
O Caso de Zulmira L. é esse desvendamento do humano que Natália Nunes tanto aprecia, de uma perspectiva pouco científica e mais literária e metafísica:
Por meu lado, comecei também a evidenciar propensões inconvenientes, pouco científicas, por exemplo: enquanto para os psiquiatras um louco é, em última análise, um doente, para mim era e é, antes, um alienado fatalmente voluntário da existência, concepção paradoxal que de facto demonstrava da minha parte mais pendores literários e metafísicos. Em resumo: não me satisfazia a descrição formular dos casos, o seu enquadramento dentro de rótulos e a sua dissecação em quadros estatísticos.
Natália Nunes não desvenda o humano numa fórmula matemática, mas como uma filosofia, apresentando a natureza e a estrutura da realidade de Zulmira L., analisando o tempo, o espaço, as causas e os efeitos da sua existência.