Se aprender a andar e a falar é humanamente natural, ler não o é. Aliás, conseguir associar uns rabiscos a sons não é uma tarefa fácil.
A ideia de que a leitura é um processo de memória visual não está totalmente correcta, visto que é necessário estabelecer a relação entre sons e letras. As imagens podem ajudar uma criança a compreender o contexto de uma palavra, mas não é suficiente para aprender a ler.
Aprender a pronunciar sons e a associá-los a letras é um processo que, apesar de mais demorado, se tem revelado mais eficaz. A fonética desempenha um papel fundamental na leitura. Ler em voz alta é um processo de aprendizagem fonética essencial.
Aliás, aprender a ler é aprender a pronunciar e a identificar os sons das palavras, bem como a reconhecer o seu significado. Só depois vem o processo de memorização de palavras e a compreensão do que se está a ler.
Aos olhos dela, eu era um caso perdido. E mesmo que ainda gostasse de mim, a questão não era essa. Estávamos por de mais habituados aos nossos papéis. Eu já não tinha mais nada para lhe oferecer. Ela compreendeu isso instintivamente; e eu, por experiência própria.
Em todo o caso, não havia esperança. E foi assim que ela desapareceu para sempre, levando consigo as suas combinações. Há coisas que se esquecem, outras desaparecem, outras ainda morrem. Não é preciso fazer nenhum drama por causa disso.
in Em busca do Carneiro Selvagem (1982) de Haruki Murakami
Quando entramos numa livraria deparamo-nos sempre com uma estante dos livros mais vendidos.
O meu conselho? Fujam!
Os livros mais vendidos raramente são os melhores.
Se lemos o que toda a gente estiver a ler, até nos podemos sentir mais integrados na comunidade de leitura, que anda a debater o livro mais recente, mas não passa de uma falácia. Na realidade, não estaremos a crescer como leitores.
Ler as obras essenciais, clássicas e contemporâneas, fazem toda a diferença no nosso percurso de leitura. Com isto não quero dizer que não devemos ler novos autores, devemos apenas evitar o fast food literário, ou seja, aqueles livros clichés, que são devorados num ápice e que não deixam marcas, nem saudades.
Pobre de quem procura e não encontra. Infeliz de quem espera e não alcança. Movem-se os olhos, apuram-se os ouvidos, e quando as mãos se agitam numa esperança afundam-se nos bolsos e emudecem.
A máquina da História, que fabrica os dias do futuro com a sucata das horas do presente, alimenta-se de ecos, de palavras, de vozes fátuas, de melífluos cantos, do bafo morno das gargantas pródigas em bordados, em rendas, em matizes.
Desço também à praça e nela me diluo e me confundo. E aqui estou. Por aqui deambulando, ouvindo e observando o próximo e o distante, perscrutando, tentando adivinhar o pensamento alheio, olhos postos nos olhos, procurando. buscando aqueles cujas mentiras mais se aproximam das minhas verdades.