Kengah, uma gaivota de penas cor de prata, gostava especialmente de observar as bandeiras dos barcos, pois sabia que cada uma delas representava uma forma de falar, de dar nome às mesmas coisas com palavras diferentes.
in História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar (1996) de Luís Sepúlveda
Começámos a ler História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar a dois.
Pausamos constantemente a leitura para falarmos sobre ela. Aliás, tem sido uma leitura muito conversada e já tinha saudades de ler assim.
Há muito tempo que não lia Sepúlveda e não consegui conter o choque quando soube da sua morte à mercê da pandemia, no ano passado. Para mim ele era já imortal e mantive-me em negação até hoje.
Quando li a dedicatória que o autor escreveu neste livro, a sua mortalidade atingiu-me em cheio:
Aos meus filhos Sebastián, Max e León, os melhores tripulantes dos meus sonhos.
Sei que ele sempre irá pertencer ao meu imaginário e eu ao dele. É assim a imortalidade na literatura.