A arte criada é sempre o amansar do monstro criador
Com a A Lua e Cinco Tostões tenho-me sentido mais próxima de Maugham, especialmente porque o narrador é também ele escritor.
Pelo buraco desta fechadura que o narrador vai rodando ao longo destas páginas, (nunca o confundindo com o seu criador, apesar da tentação) espreitamos estes apontamentos rabiscados sobre o processo de criação.
Da pintura à escrita, do pintor à persona do escritor, da selva de pensamentos às conversas ensaiadas do meio literário, arrancam-se máscaras à arte, revelando-se a monstruosidade que cada artista guarda dentro de si e a força que o impele a transpô-la para uma tela ou para o papel. Porque a arte criada é sempre o amansar do monstro criador.