A Feira do Livro de outros tempos ||004||
Inaugurada um mês e meio depois da revolução, a Feira trouxe à rua um sem número de obras proibidas no antigo regime.
“A grade novidade foi a enorme procura de livros políticos entre 1974 e 1980. Foi uma resposta à anterior seca”, explica ao Observador Carlos da Veiga Ferreira, histórico editor da Teorema, atualmente à frente da Teodolito.
“Apareceu ainda outro fenómeno curioso: passaram a publicar-se muitos livros eróticos, entre os quais a trilogia Sexus, Nexus, Plexus, de Henry Miller”, acrescenta.
Entre os títulos de natureza política destacavam-se o Manifesto Comunista, toda a obra de Karl Marx e volumes portugueses como Portugal e o Futuro, de António de Spínola, que fora lançado em março desse ano.
“Os livros políticos já existiam, mas a censura não permitia que fossem publicados e estavam sempre sob ameaça de serem apreendidos”, recorda Zeferino Coelho.
Os anos seguintes viram florescer uma nova literatura livre. “Os escritores da época, como Vergílio Ferreira, Fernando Namora e José Cardoso Pires, adaptaram-se rapidamente à inexistência da censura.”
Em observador.pt