A luta de Manuel Bandeira contra a ditadura poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem-comportado
- Manuel Bandeira -
Não se pode conversar sobre Manuel Bandeira e não mencionar a sua importância no Modernismo Brasileiro.
Quando Manuel Bandeira escreveu os seus primeiros poemas, o parnasianismo dominava a poesia brasileira. Criavam-se poemas respeitando o rigor da forma, com medições exactas de versos e palavras, como se os poemas fossem figuras geométricas perfeitas e matematicamente exactas, mas vazias de inspiração e conteúdo.
Tornavam-se obras de arte expostas numa galeria literária, para serem apreciadas apenas pela sua estética, já que os poemas pouco ou nada transmitiam no seu conteúdo, vazios de profundidade, vazios de sentido humano.
Escrevia-se poesia sob a teoria da arte pela arte, tentando-se a todo o custo alcançar a perfeição estética, que segundo os paranasianos, era o meio de buscar o sentido para a existência humana.
O parnasianismo estava tão entranhado no Brasil que durante anos a poesia esteve sob o jugo restritivo e ditatorial das rimas artificais, do vocabulário rebuscado e de descrições abundantes.
Manuel Bandeira lutava contra esta ditadura poética e queria que a poesia usufruísse de absoluta liberdade de criação. Queria versos livres, unindo a língua falada à escrita, resgatando as origens culturais.
E foi com o seu poema Os Sapos, o seu derradeiro grito de revolta, que a poesia nunca mais seria a mesma, nascendo assim o Modernismo brasileiro.