A minha pátria és tu
- Não se iluda assim, nobre senhor! - disse ela, sacudindo tristemente a cabeça. - Sei bem de mais, infelizmente, que este amor é impossível. Sei onde está o seu dever, sei com que está comprometido: o seu pai chama-o, os seus camaradas, o seu país, todos o chamam - e somos inimigos.
- Que são para mim o meu pai, os meus camaradas, o meu país? - exclamou André, atirando a cabeça para trás; e ergueu-se em toda a sua estatura, lembrando um choupo novo, na margem de uma ribeira. - Para mim, daqui em diante, ninguém mais conta! Ninguém! - repetiu ele, fazendo com a mão o gesto com que os cossacos exprimem a sua determinação de realizar um feito inaudito, uma empresa de que só um cossaco é capaz. - Quem é que diz que a Ucrânia é o meu país? Fui eu que decidi? A pátria de um homem não é aquela que ele escolheu? A minha pátria és tu! És o meu país natal, aquele que trago na alma. E quero trazê-lo assim até ao meu último suspiro, e nenhum cossaco mo tirará! E, por este país, daria tudo, daria a vida, se fosse preciso!
Nikolai Gogol-Tarass Bulba