A primeira paixão foi um livro, a segunda uma biblioteca
A primeira paixão foi um livro, obviamente: A Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen.
A segunda foi uma biblioteca. Aquela a quem chamo de minha, não o sendo, mas da cidade onde vivi toda a minha infância e adolescência. Por fora imponente e por dentro sombria, clássica, demasiado pequena nos dias de estudo. Uma biblioteca despida de tecnologia, cheia de livros possíveis, quase todos doados. Livros novos, raridades. Havia um certo misticismo numa capa rasgada, numa página rabiscada na margem, num canto dobrado a assinalar a pausa de uma leitura esquecida. Quando comecei a ler, o meu caminho mudou de direcção e começou a incluir a rua onde ela habitava com as suas colunas, a lembrar um templo de outrora. O meu templo.