Aleksandr Pushkin| Eugénio Onéguin
O drama desta história de amor é contado de forma tão leve que mal lhe sentimos a dor.
A dor cai como uma pena e, nós leitores, não sabemos se choramos ou sorrimos no último verso.
Tal como no amor.
(...) Pushkin, tanto nos gestos como no estilo, guardava ainda hábitos aristocráticos e acreditava na hierarquia dos géneros. Precisamente por isso a violava. Nunca teria escrito Eugénio Onéguin se não soubesse que não se podia escrever assim. Os seus prosaísmos, a descrição do quotidiano, as trivialidades, a fala popular construíam-se, em grande parte, como uma técnica proibida, destinada a escandalizar o público.
Andrei Siniávski, crítico literário russo, no seu livro Passeios com Pushkin
in Introdução por Nina e Filipe Guerra in Eugénio Onéguin de Aleksandr Pushkin, Relógio d'Água Editores