Aleksandr Pushkin| O Tiro
Este conto é quase uma profecia da morte do póprio Pushkin.
Sílvio, o legendário atirador que nunca falha o alvo, vive numa aura de tranquilidade aparentemente perfeita, alimentada por uma anímica de perigo e mistério, sentida por todos quando dele se aproximam.
Este homem não tem medo e, se o tem, não o demonstra. As suas emoções não regem as suas acções e é exactamente por isso que acerta sempre quando atira.
Mas quando defronta alguém que nada teme, esta perspectiva de viver sem medo desafia tudo aquilo em que construiu o seu próprio ser.
Como poderá alguém viver assim, sem nada que perder, sem nada que ganhar, desarmado perante a vida?
"De que serve", pensei eu, "tirar-lhe a vida quando ele não lhe dá qualquer valor?"