Um sonhador de cosmogonias
O referido trecho de Carlos de Oliveira publicado pelo J, postumamente à sua morte, e por ele intitulado significativamente Cosmogonia, pode ser revelador a este respeito.
Nele o escritor alude, como disse já para trás, à sua intenção de, no livro que então preparava, Finisterra, iniciar um processo de metamorfoses e de nessa história das transformações erguer a cúpula da criação, apresentando a matéria a auto-organizar-se em sistemas estelares.
Carlos de Oliveira teria desejado assim tornar-se definitivamente um sonhador de cosmogonias, estatuto para o qual desde sempre o seu temperamento o impelira e sempre se manifestara, em maior escala, na sua poesia.
in A Ressurreição das Florestas (1997) de Natália Nunes