Cavafy abordou Plutarco de uma forma académica e crítica
T.S. Eliot, numa célebre análise, considerou que “Shakespeare adquiriu mais história essencial de Plutarco do que a maioria dos homens conseguiria adquirir de todo o Museu Britânico”.
O mesmo se pode dizer do poeta grego C.P. Cavafy (1863-1933).
A reputação de Cavafy, baseada essencialmente nuns meros 154 curtos poemas, publicados postumamente em forma de livro em 1935, mantém-se como uma das mais conceituadas entre os poetas gregos desde Teócrito. E essa reputação é mundial: um número desconcertante de traduções em inglês e outras línguas, dos seus poemas, têm surgido desde 1951.
Mas Cavafy, para além da sua importância universalmente reconhecida na tradição clássica, tem três outras distinções que o tornam essencial em qualquer pesquisa que envolva Plutarco.
A primeira é que alguns dos seus poemas mais célebres são, de facto, baseados em Plutarco. Como consequência, os leitores - gregos e outros - começaram a interessar-se pela escrita de Plutarco, simplesmente terem lido os poemas de Cavafy.
A segunda é que, Cavafy ao recorrer às obras de Plutarco para se inspirar, a base moral e filosófica dessas obras acabaria por influenciar a sua própria poesia.
A terceira e a mais marcante característica é que a língua materna de Cavafy, o grego, tem facilidade de absorver as referências de Plutarco, através da citação literal do original grego, mas conseguindo também algumas mudanças semânticas e interpretativas com alguma complexidade.
O extraordinário é que Cavafy abordou Plutarco de uma forma académica e crítica, quando teve acesso apenas a uma educação básica e modesta.