Como é que a IA está a afectar a literatura e ebooks nas bibliotecas públicas
O empréstimo de livros electrónicos em bibliotecas públicas vai mesmo avançar este ano. É expectável que a plataforma que irá permitir a requisição de ebooks a qualquer pessoa inscrita numa biblioteca pública em Portugal fique operacional até Junho.
O Politécnico de Coimbra está a promover uma campanha de doação e partilha de livros intitulada “A magia está na partilha”, para dar a possibilidade de acesso aos mais variados livros a qualquer membro da instituição. Até ao dia 07 de Fevereiro, “os livros poderão ser doados voluntariamente por estudantes e trabalhadores, docentes e não docentes, em pontos de recolha previamente definidos (...) e no Dia Internacional da Doação de Livros, 14 de fevereiro, os livros doados serão recolhidos e posteriormente redistribuídos por diversos espaços do Politécnico de Coimbra".
Como é que a IA está a afectar a literatura? Nesta era de desenvolvimento tecnológico da inteligência artificial é imperativo saber se um determinado conteúdo foi ou não gerado com recurso a inteligência artificial e, se sim, em que medida. “Um humano, mesmo que lesse 24 horas por dia, nunca conseguiria absorver a quantidade de informação [à deriva na Internet] que já alimentou o ChatGPT. Mas as pessoas, ao contrário das máquinas, têm espessura psicológica e isso não é replicável, pelo menos ainda”, assevera Mário Figueiredo, que não ignora o facto de ser possível pôr IA a “criar literatura a metro, ao estilo deste ou daquele”. “Agora, com substância e consistência, duvido. Com a tradução é o mesmo. Dá para despachar trabalho, mas não é bom”, diz o especialista.
Há ainda muitas desigualdades na estante. O espaço ocupado ainda é maior para os livros assinados por homens do que para as mulheres. Por isso, em 2023, a Aurora - uma livraria que só vende livros escritos por mulheres - abriu as suas portas em Lisboa. “Sempre que se abordam as desigualdades existentes em Portugal, que uma grande fatia dos portugueses continua a ignorar porque somos um povo ainda muito patriarcal e conservador, isso gera controvérsia. Mas nós sabíamos que a crítica vinha precisamente de um espaço de reflexão e mostrava que estávamos a tocar nas feridas certas das nossas fundações enquanto sociedade. Mas as críticas foram passageiras e a Aurora veio fazer aquilo que era o nosso objetivo: abrir este diálogo e aumentar a presença de vozes femininas na literatura em Portugal. E isso reflecte-se nos números. Nunca se publicaram tantos livros escritos por mulheres como nos últimos dois anos”, garante.