Como se Cecília não fosse especial
Serão os mais trágicos que conseguem escrever com esta delicadeza à tona de cada palavra? Será o trágico necessário para se escrever assim?
Esta pastora de nuvens alada que vive na ausência, distante na proximidade que mantém com os outros, tem um pouco de mim.
Exilada em si própria, numa pátria que lhe é estrangeira, sem território, em viagem constante mesmo na sua permanência.
E chega assim este momento inadiável em que retiro Cecília debaixo do braço, onde se aninhou durante meses, em todos os lugares, em todos os tempos, indo e regressando sempre.
Devolvo-o à bibliotecária que o coloca no carrinho junto dos outros livros, como se Cecília não fosse especial.
Apenas mais um livro que deve voltar para uma prateleira poeirenta de onde não sairá tão cedo.