A indizibilidade do universo é a minha religião
Admiro, enalteço e faço as minhas orações à natureza. É a natureza que me comanda a vida, como dizia o meu pai — o sonho comanda a vida e o meu sonho é o universo, que eu não compreendo nem sei.
A indizibilidade do universo é a minha religião.
Na minha infância, não tive convivência com crianças, só com o meu pai e a minha mãe.
Ele [Rómulo de Carvalho — António Gedeão] era um homem solitário, silencioso, que trabalhava sempre de pé.
Ela [a escritora Natália Nunes], que tem hoje 89 anos, ensinou-me a ler, quando eu tinha três anos, e era muito alegre e extrovertida. Era mais nova que o meu pai 15 anos e viveram 57 anos, um para o outro. Ele adoeceu dois meses antes de morrer, aos 90 anos, com um sofrimento intenso.
Cristina Carvalho
in Pública 22.08.10