20
Nov22
Dei-te tudo. Não tenho mais nada.
Deitados nus, na cama, lado a lado, ela, com a cabeça pousada no meu peito, teimara em contar-me tudo. Um tudo que eu não quisera ouvir, e que não deixara ter nexo, porque, com os dedos no cabelo dela, lhe afogava as palavras contra a minha pele, em beijos que subiam até à boca. E ela, soerguendo-se um pouco, dissera: - Dei-te tudo. Não tenho mais nada.
in Sinais de Fogo de Jorge de Sena