Desafio de escrita dos pássaros #14
Nasci para ser mulher
E não para servir até cair
Serviçal, escrava, talher,
Sacrificada até no sorrir.
Não nasci para estar
Quieta, submissa, calada,
Nasci para lutar
Não fazer parte da manada.
Não nasci para isto
Para esta condição de mulher
Que nos reduz a um imprevisto
Objecto, flor, malmequer.
A desordem dos conceitos
Que nos atiram para lermos
Há que despir preconceitos
Não nascemos para ser menos
As asas não me prenderão
Sou livre, estrela, universo
Simetria de amor, razão
Astronauta, o meu inverso.
Vou para onde quero estar
Seja no Verão ou no Inverno,
Pela terra ou pelo mar,
Sou mulher no meu eterno.
Neste silêncio ergo a voz
Que sempre quiseram calar
Contra a desigualdade feroz
Nasci para contra ela marchar.