Dia Mundial do Livro, a leitura como forma de rebelião
Não escrevi ontem sobre o Dia Mundial do Livro, porque fui comemorá-lo, saindo do refúgio das suas páginas, com encontro virtual marcado com um deles: Uma História da Leitura de Alberto Manguel.
Manguel, um dos grandes bibliófilos do nosso tempo, dedicou a sua vida à leitura e ao livro.
A sua pátria, diz, é a sua própria biblioteca, que construiu ao longo dos anos e que conta já com 40 mil volumes, que decidiu doar a Lisboa, ao abrigo do projecto Centro de Estudos de História da Leitura.
O Conselho Honorário do centro irá integrar escritores como Olga Tokarczuk, Salman Rushdie, Margaret Atwood, Tolentino de Mendonça e Chico Buarque.
Muitas vezes, senti que a minha biblioteca explicava quem eu era, me conferia um eu sempre em mudança, que se transformava constantemente ao longo dos anos.
Um grande defensor do livro e da leitura, Manguel revela:
Na história da escrita, os leitores nunca foram a maioria, sempre foram a elite, mas é uma elite à qual todos podem pertencer, é como um clube elitista, mas com as portas abertas.
A luta pela liberdade não se faz apenas com um cravo nas mãos, reside no não conformismo e um dos meios para o praticar é através da leitura:
Se conseguirmos dizer-lhes que a melhor forma de rebelião está na sua inteligência, que a leitura é a forma mais efetiva de subversão, quem sabe podemos conseguir algo.
Se a esses leitores em potência se inculca desde muito cedo não confiar na sua inteligência, não deixar que a sua imaginação se exercite, seguir as restrições dos sistemas educativos, que atualmente são campos de treino para o escritório e a fábrica, gradualmente tornamo-nos seres que não refletem, porque os valores da reflexão e da leitura são o difícil.