E falava do que tinha acabado de ler
Esta mulher (mãe de António Gedeão) lia, escrevia, recitava, era «curandeira» de fama, deitava as cartas e era espírita. É verdade! Quando, a meio da tarde se sentava na sua poltrona, os filhos por ali a fazer qualquer coisa, e ela a dormitar ou a pensar, ou a ver algo por detrás das pálpebras sempre com um sorriso que se lhe desenhava na expressão tranquila, toda a casa dormitava. Eram essas as horas doces do pensamento.
Depois do descanso, tornava a pegar no livro que tinha poisado no colo e lia. E falava do que tinha acabado de ler, explicava tudo e compunha uma nova história a partir dali ouvida sempre com muita atenção pelos seus filhos que, entretanto, se aproximavam...
in Rómulo de Carvalho / António Gedeão - Príncipe Perfeito de Cristina Carvalho