E porque reajo diferentemente consoante me dirijo a um só homem ou a muitos homens?
Tu, escrevo num caso. Vós, escrevo no outro. E espontaneamente falo (de) coisas diferentes.
Porque ao dizer tu simultaneamente me confesso e procuro confessar o tu que está na minha presença, ao dizer vós nem me confesso nem pretendo confessar o vós que se alinha diante de mim.
Insisto então: que pretendo eu neste último caso?
E porque reajo diferentemente consoante me dirijo a um só homem ou a muitos homens? Tudo isto são aproximações demasiado dilemáticas para as tomarmos como verdadeiras. Mas talvez não completamente inúteis (o que é que é útil?) e continuo. Continuo.
in Posfácio à segunda edição
A Palavra é de Oiro (1961) de Augusto Abelaira