É um trabalho muito velho
Mário de Andrade escreveu A Escrava que não é Isaura como uma forma de legitimar o Modernismo, um manifesto da nova estética poética contra os cânones da poesia tradicional, mas a meu ver é muito mais do que isso, visto que podemos encontrar reflexões sobre a arte, a beleza, o processo criador e até sobre si próprio.
Com uma tiragem de 1.000 exemplares, o livro foi distribuído pelos amigos, conhecidos e por algumas livrarias, limitando-se a sua distribuição a um grupo artístico restrito. Talvez não tivesse sido essa a intenção de Mário de Andrade, visto que o propósito deste livro nasceu da necessidade de esclarecer as bases do Modernismo a quem não estava ligado a este novo movimento:
A minha Escrava que não é Isaura, já em impressão. É um trabalho muito velho. Tem dois anos e tanto. Isso pra evolução rapidíssima em que vamos é uma existência inteira. Creio que ainda poderá ser um pouco útil aos moços do Brasil e é só por isso que o faço imprimir.
in Carta de Mário de Andrade a Prudente de Moraes