Essa linha ténue, quase proibida, é a que mais gosto de atravessar
No estudo da literatura, mais especificamente na análise de qualquer texto literário há uma regra quase inquebrável: separar a persona do autor da persona do texto.
O que significa que tudo o que ele venha a escrever como ficção, que não seja biográfico, não o faz na primeira pessoa, não o representa.
Não podemos assumir, logo à partida, que o autor está a descrever uma vivência pessoal através de uma personagem. Esta separação de personas é muito importante na análise de um texto, para que ela seja o mais técnica e imparcial possível.
Quando se estuda um texto a metodologia deve ser clínica e não emotiva: observar, detectar os padrões, as incongruências, o seu melhor e o seu pior, os detalhes que o demarcam de todos os outros. O lugar da emoção é para antes e para depois, nunca nos entretantos.
Mas a tentação é muita, especialmente com autores que sabemos terem nos seus livros uma grande componente pessoal, mesmo que não o digam abertamente.
Essa linha ténue, quase proibida, é a que mais gosto de atravessar.