Fiódor Dostoiévski| Uma boa lição
Desmoralizado [pelas críticas injustas aos seus romances], procura e encontra a fraternidade, calor humano, num núcleo de generosas cabeças exaltadas que Petrachevski dirige.
Conspiradores!, dirá a polícia, prendendo-os a todos em 22 de Abril de 1849.
As suas sediciosas actividades sobre a liberdade de imprensa, a escravatura, a violência. A principal acusação ao próprio Dostoiévski é a leitura em público da famosa Carta a Gogol, de Bielinski!
Em 22 de Dezembro, reúnem os conjurados, de manhã cedo, perante um cadafalso montado na Praça Semionovski, onde escutam a sentença: condenados à morte!
Com infinitas demoras, a primeira fila de condenados sobe ao estrado, o pelotão prepara-se, aponta as armas.
Após nova eternidade, um oficial aparece e anuncia a comutação da pena.
O próprio imperador, diz-se, montara esta encenação! Queria dar uma boa lição àqueles jovens que «apenas» vão ser deportados para a Sibéria...
Dostoiévski vai passar quatro anos de trabalhos forçados e mais cinco num regimento em Semipalatinsk.
Aceita o castigo para expiar os seus crimes secretos.
Introdução de Jorge Sampaio n'O Idiota de Fiódor Dostoiévski