Há reflexões que são verdadeira poesia, apesar de não estarem em verso
O meu plano era ler apenas três livros de Mário de Andrade, mas à medida que o lia o fascínio ia crescendo. E de três passaram a oito.
Apesar de ter escrito muitos livros sobre vários temas, incluindo música e arte, decidi não os ler, por não se incluirem na linha de leitura que pretendia fazer, mas abri uma excepção: A Escrava que não é Isaura.
E porquê?
Porque foi escrito em pleno auge da euforia do modernismo brasileiro. O seu subtítulo esclarece de imediato a sua natureza: Discurso sobre algumas tendências da poesia Moderna.
Este subtítulo faria adormecer o mais desperto e paciente dos leitores, mas nada há a temer. Não é um livro pejado de tecnicismos incompreensíveis e aborrecidos, muito pelo contrário está cheio de reflexões inestimáveis sobre a poesia e a sua evolução. E há reflexões que são verdadeira poesia, apesar de não estarem em verso.