Isabel Amberson, uma mulher que nada tem, tendo tudo
Após as primeiras páginas de The Magnificent Ambersons, onde percorremos as ruas animadas, cheias de humanidade, vozes, ruídos e arquitectura, as primeiras personagens da família começam a revelar-se.
Major Amberson, o patriarca da família, ao enriquecer torna-se um grande proprietário e a sua fortuna permite que toda a sua família mantenha uma vida despreocupada e luxuosa. Ouvem-se os comentários espantados pelas avenidas destas páginas, onde se sussurra sobre as extravagâncias dos Ambersons e os seus luxos incomparáveis.
Isabel Amberson, filha de Major Amberson, é uma mulher de conveniências que se conforma com o seu estatuto, apesar da sua sensibilidade e coração lhe gritarem o contrário.
Apesar de amar profundamente Eugene Morgan, desconsidera-o como futuro marido, simplesmente porque ele não cumpriu as conveniências numa única noite de diversão que escapou do seu controlo. Acaba por se casar com o conveniente Wilbur Minafer, uma figura entediante, monótona, previsível, que não ama, conformando-se a um casamento de aparências.
Para compensar a sua falta de amor pelo marido, transfere todo o seu amor para o filho, oferecendo-lhe a sua total admiração e confiança, e o trágico deste amor reside no narcisismo e na arrogância insuportável que o pequeno George começa a desenvolver.
Isabel vive solitariamente aprisionada ao amor que jamais terá, de Eugene Morgan com quem não casou, e de George, o filho que se tornou incapaz de amar o próximo. Tornou-se numa mulher que se anulou ao ponto da invisibilidade.
Isabel é uma mulher que nada tem, tendo tudo.