Ler as palavras certas, quando mais precisamos delas, pode ser muito catártico
Os livros, para além de serem uma fonte de entretenimento e de cultura, podem também desempenhar um papel terapêutico. Um livro pode tocar-nos tão profundamente que nos pode ajudar a ter outra perspectiva. O poder das palavras pode ser imenso e ler as palavras certas, quando mais precisamos delas, pode ser muito catártico.
A biblioterapia serve-se da literatura como uma forma complementar de tratamento em várias abordagens de psicoterapia. É como receber uma receita médica de leitura, no entanto há que ressaltar que a biblioterapia não é a mera leitura de livros de auto-ajuda, mas de livros com alguma profundidade visceral que nos transforme como seres humanos.
No entanto, não posso deixar de revelar algum cepticismo, considerando que cada livro pode ter interpretações e significados distintos para cada pessoa. Durante o acto de leitura é inevitável fazermos uma projecção da nossa existência no percurso existencial das personagens que acompanhamos. Aliás, há uma divisão do nosso ser em duas partes enquanto lemos, visto que nos abandonamos inteiramente como indivíduos para nos unirmos a outra mente que conversa connosco, através daquelas páginas. Nesse processo ganhamos uma maior consciência de quem somos e uma maior compreensão pelo que nos rodeia.
Não terá sido por acaso que os antigos gregos chamavam à biblioteca «o lugar de cura para a alma».