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Livrologia

Livrologia

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    Miss X 13.12.2019

    De facto o livro é um produto, mas algures no tempo já foi uma obra de arte e cada vez mais se está a transformar numa amálgama de páginas escritas sobre nada. Não abomino totalmente a ideia de que um livro possa ser vendido num supermercado, visto que é um local prático e acessível a qualquer leitor, mas de outra maneira, num espaço adequado e não em meras prateleiras ao lado do pão e do talho. A tão aclamada democratização da escrita tem trazido a lume mais livros escritos, mas com cada vez menos qualidade. A ideia de que qualquer pessoa pode ser escritor/a tem vindo a diminuir drasticamente a qualidade do que se lê. Obviamente que qualquer pessoa pode escrever e publicar, mas publicitar a mediocridade como literatura, que é umas das artes nobres da Humanidade, é difícil de aceitar. Aliás, um livro best seller não significa automaticamente que tenha qualidade literária, mas aparentemente todos acreditam que sim, só porque todos o compram.
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    Belinha Fernandes 14.12.2019

    Nem todos os livros são arte exactamente como nem todos os filmes são arte. Nunca o foram e nunca o serão. Leio menos do que vejo cinema mas o fenómeno é idêntico. Na verdade estou protegida da mediocridade do que se publicia porque compro apenas - ou sobretudo - títulos muito rodados, já em 2ª mão, e que o tempo já justificou como bons livros. Não conheço a maioria dos autores que aparecem nos blogues em divulgação, por exemplo, e são imensos. Há dias calhou-me um livro num sorteio de um blogue. Comecei a ler e já o dei à minha mãe. Enquanto tiver os mais antigos por ler dispenso esses, com algumas excepções, claro. Todas as pessoas podem publicar livros mas isso não as credita automaticamente como escritoras, por muito que lhes custe. Mas, infelizmente, é assim que a maioria pensa. Também sei fazer saias e blusas e isso não faz de mim costureira nem lá perto. No entanto, mesmo essas, podem escrever livros interessantes, não necessariamente arte, mas bem escritos. O pior são ainda as editoras "vanity" que fingem gostar de livros e dos "escritores" mas que na realidade só querem é tratar da vida delas. Fazer literatura é uma arte que não está ao alcance de todos. E ser leitor também exige uma aprendizagem, tal como a fruição de outras artes, é preciso conhecer, desenvolver o sentido de apreciação estética, tal como na pintura. Mas para isso uma pessoa precisa no mínimo de gostar de ler e de ter lido, ter-se formado na arte de ler. E isso hoje é cada vez mais difícil, não? Mesmo com tanto supermercado a vender livros. Parabéns por este blogue. Somos "parceiras" no "Desafio das aves" mas eu nunca lhos dei.
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    Sarin 16.12.2019

    Respondendo à Belinha falo com ambas em simultâneo :)

    Costumo distinguir entre escrevedor e escritor. Porque o escritor é um artista, já o escrevedor é alguém que alinha umas palavras numas quantas páginas em branco e, apontando feliz, diz ter escrito algo. Cuspo não é cola, e no entanto assim uníamos as duas folhas de um teste; o mesmo se passa com as casas editoras - cujos critérios apenas não me confundem porque não percebo nem um, portanto, mera questão matemática: palavras escritas não fazem um escrito, eventualmente um rascunho. Nos dias bons. E, ainda assim, insistem em chamar literatura e em publicar palavras alinhadas que nem rascunho chegam a ser. Mas vendem, apoiadas pela sempiterna Comunicação Social delicodoce. "É disto que o meu povo gosta"... siga, e os apreciadores de literatura que se contentem com os "contemporâneos", mas dos antigos.

    Miss X, há supermercados que disponibilizam cadeirões onde nos poderemos deliciar a afagar as páginas de um livro, de vários livros. E há livrarias tidas como boas onde se permite que os eflúvios do café (que abomino!) se entranhem nas imaculadas páginas que ansiamos desvelar - antes o cheiro a pão! E há livrarias tidas como de qualidade onde, indagados os funcionários sobre um livro de Agatha Christie ou de Quino, recebemos a pergunta devolvida e embrulhada noutra pergunta, "que estilo de literatura é?"
    Bárbara Bulhosa tinha razão então e continua a ter: vende-se o autor que surge nas revistas cor-de-rosa do escaparate do lado. Mas discordo da interpretação: não é responsabilidade dos hipermercados - estes vendem o que se publica, e as poucas edições com a chancela do próprio hiper que vi não eram de tais autores. Os editores, esses sim, é que devem prestar contas do que (não) publicam - será que num prémio literário apenas o vencedor tem arte que mereça publicação?
    Pergunta de retórica. Beijos a ambas, e desculpem apenas hoje chegar à discussão.
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    Miss X 16.12.2019

    Concordo com a Belinha e com a Sarin.
    Cabe sempre aos editores a decisão de publicar e sinceramente não sei em que parâmetros se baseiam para o fazer. Talvez a pura venda do escrevedor - que também tem direito a escrever, é certo, mas literatura recentemente publicada em Portugal de autores portugueses tenho visto muito pouco, apesar de tentarem a todo o custo convencer-nos de que o que escolhem publicar é literatura.
    Relativamente à venda de livros, Portugal é um país pequeno e se formos a ver bem no retalho podemos contar com três grandes - a Fnac, Continente e a Bertrand – e na área editorial há dois grandes grupos – Porto Editora (Wook) e Leya - que absorvem o mercado livreiro. Quando um leitor quer encontrar de forma simples e rápida um livro geralmente dirige-se a estes grandes grupos e raramente às pequenas livrarias que estão já em vias de extinção.
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