Não há palavras que descrevam o Rio
Demos a volta, almoçámos rapidamente, telefonei ao Bandeira, fui vê-lo, recebi dele a tua carta, o Ant. [António] Pedro levou-me ao Pão de Açúcar (no telegráfico), não há palavras que descrevam o Rio, meu Amor, tudo é literatura barata ante esta grandiosidade espantosa de natureza e do que o homem pôs nela.
Fomos jantar, convidados pelo Ant. [António] Pedro, a um restaurante português, em Copacabana, de onde, mais exausto sempre regressei ao hotel. Ontem, domingo, era impensável deitar esta carta, o que farei agora pela manhã (acabo de me levantar e tomar o pequeno almoço). O Bandeira foi muito simpático, vou estar com ele às 4 e meia. Os dias passam-se vertiginosamente, num corrupio de pessoas e coisas, num «atrelamento» a que não se pode fugir (...)
Jorge
in Correspondência Jorge de Sena e Mécia de Sena «Vita Nuova» (Brasil, 1959-1965)
com organização de Maria Otília Pereira Lage