Não vale a pena produzir teorias para um mundo ideal, mas para o que existe
Quando, na última das suas teses sobre Feuerbach, Marx fala sobre a necessidade da nova filosofia mudar o mundo, ao contrário de todas as filosofias precedentes, ele dá uma chave estruturalista, porque diz: os outros filósofos não fizeram senão excogitar várias hipóteses, mas, na medida em que o mundo existe e o nosso conhecimento sobre ele é uma coisa reflectida, é óbvio que não vale a pena produzir teorias para um mundo ideal, mas para o que existe e que, portanto, só pode fazer sentido o conhecimento deste mundo como transformação através da aproximação dele.
Excerto da entrevista Steaua, n.º 22, nova série. 16 a 30 de Novembro de 1972 por Marian Papahagi
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço