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Mar24
Sabes muito bem, Adalgiza, eu nunca durmo de dia
A ressonar, eu? Só se for quando estou constipada. Sabes muito bem, Adalgiza, eu nunca durmo de dia. Lá fechar os olhos, sim, mas é para poder pensar, para ver tudo com maior clareza, aqui, aqui na minha cabeça, cá por dentro, onde vejo muito melhor do que por fora. Sentada neste maple é que eu reflito sobre os problemas desta vida, em tudo quanto acontece neste desgraçado mundo e nos destinos dos infelizes homens e das desgraçadas mulheres. E revejo o passado e adivinho o futuro.
Excerto do conto Poderes Sobrenaturais
in As Velhas Senhoras e Outros Contos (1992) de Natália Nunes