O demónio anda a assombrar as minhas leituras
Comecei a ler os primeiros dois volumes de contos de Jorge de Sena. A edição que estou a ler reúne dois livros num só: Andanças do Demónio (1960) e Novas Andanças do Demónio (1966).
O demónio está presente em todos eles e se não está, adivinha-se. Nas suas andanças, que podem coincidir com as nossas, nunca sabemos quando vamos encontrá-lo.
Não é difícil reconhecê-lo: não é bom, nem é mau. Aliás, é como qualquer humano e confunde-se com ele na sua desumanidade.
Um demónio caminha incansavelmente pelo mundo, só para saber o que está a acontecer e para provocar uma alma ou outra. Com as suas andanças vive da inconstância e muda de lugar sem lógica ou sentido, só pelo prazer de uma batalha que não quer ganhar.
Tal como Sena disse sobre estes contos:
Uma das melhores maneiras de soltar o diabo às canelas dos bem-pensantes de todas as cores e feitios é falar nele, com ares de ironia, como se não existisse.