31
Jul22
O não sentir. Que cansa como nada
E o que sentimos é pior que quanto
dantes sentíamos nas horas ásperas
da fúria de não ter ou de ter tido.
Porque se sente o não sentir. Um tédio
não como o tédio antigo. Nem vazio.
O não sentir. Que cansa como nada.
Até dizê-lo cansa. É inútil. Cansa.
Excerto do poema «Como de súbito na vida...»
in Visão Perpétua de Jorge de Sena