18
Jan21
O Último Dia
Crianças riem na varanda, riem
e brincam de maneira que já não são crianças.
Hoje não há Sol,
unicamente um céu esbranquiçado e carros que chapinham
e uma luz contínua que não entra dentro
e dentro um cheiro a terra, a pano, a sono, a calor no rosto e nas orelhas.
As crianças brincam de pensamento morno,
umas com as outras sem mais nada.
E a ingenuidade, que nunca ninguém tem e lhes falta,
caiu aqui.
Este poema está errado.
Se não está, é o mesmo - não termina.
Repetir tudo várias vezes até não perceber.
Poema O Último Dia
Perseguição (1942)
in Poesia I de Jorge de Sena