O último poema de Jorge de Sena
O poema «Morreu Dom Fuas, ...», do qual partilhei um excerto, anuncia no título aquilo que é: um obituário.
Este obituário anuncia a morte de um gato, Dom Fuas, e discorre sobre a injustiça de morrer, especialmente “morrer sozinho, solitário” num hospital, como morre este gato “pomposo, realengo, solene, quase inacessível”. É uma tentação considerar este poema como um auto-retrato do próprio Jorge de Sena, visto que foi escrito um ano antes da sua morte.
No ano da sua morte escreve o último poema, do qual também partilhei um excerto, Aviso a cardíacos e outras pessoas atacadas de semelhantes males, ignorando ainda totalmente, o que só soube duas semanas depois, que pouco tempo lhe restava de vida.
Jorge de Sena morre, em Santa Bárbara, na Califórnia, a 4 de Junho, vítima de um cancro tardiamente diagnosticado. Tinha 58 anos.