Os verdes caracóis luxuosos das árvores
Já se abria diante dos olhos dos viajantes o rio Psiol; depois do calor extenuante e arrasador já se sentia mais o sopro fresco da brisa. Através das folhagens verde-escuras e verde-claras de choupos, bétulas e álamos, espalhados em desordem pelo prado, cintilavam verberações de frio ígneo, e a bela ribeira, sobre que pendiam os verdes caracóis luxuosos das árvores, abria com deslumbre o seu seio prateado. Caprichosa, como nas horas deleitosas em que o espelho fiel guarda com inveja a fronte orgulhosa e de brilho deslumbrante da bela, os ombros brancos de neve e o pescoço marmóreo, sombreado pela onda escura caída da cabeça ruça, quando ela rejeita com desprezo uns enfeites para pôr outros, não se lhe vendo o fim aos caprichos - assim a ribeira mudava de margens quase todos os anos, escolhendo uma rota nova e rodeando-se de paisagens novas e variadas.
in A Feira de Sorótchinets em Noites na Granja ao Pé de Dikanka de Nikolai Gogol