Poesia, como a leio
Quero acreditar que não é por acaso que o Dia Mundial da Poesia se celebre em plena Primavera. É a mais ilusiva, a mais ambígua das artes escritas, que sempre renasce por mais séculos que por ela passem. Confunde e enlouquece, mas também ilumina e toca quem a lê.
Para verdadeiramente a apreciarmos há que nos deixarmos cair num estado de anarquia, abolir as regras do entendimento narrativo, ler sem rédeas e sentir. Apenas sentir e nada mais.
A cada verso os sentidos aparecem, diferentes para quem os lê e para quem os escreveu. E se não fizer sentido ainda melhor.
Podemos saltar páginas, explorar os confins da última e regressar à primeira, sem que o delicado equilíbrio da leitura se quebre.
Um livro de poesia é interminável e não, não podemos ser levianos ao ponto de dizer que o lemos. A cada nova leitura surgirá um novo livro, sendo ele o mesmo. Os poemas ganharão novos significados ou talvez nenhuns. A poesia metamorfoseia-se a cada nova leitura, organicamente transformando-se num novo ser vivo.
Tal e qual como a Primavera.