04
Jul21
Pousava-lhe a cabeça no braço, de olhos fechados
O homem avançou para ele e tornou a estender as mãos. Dessa vez, o peixe-pato veio, e deixou-se apanhar. Era muito pesado, muito mais pesado do que o homem esperava, e só a muito custo, apesar de ser forte, conseguiu levantá-lo nos braços como quem pega numa criança ao colo.
O peixe ficou assim, fora de água, ao colo, mas não se debateu; antes ronronava, vibrava ligeiramente, e pousava-lhe a cabeça no braço, de olhos fechados, perfeitamente tranquilo e satisfeito.
Excerto do conto História do Peixe-Pato
in Antigas e Novas Andanças do Demónio (1960 e 1966)
de Jorge de Sena