Qualquer pessoa pode ser um intelectual
Penso que a ideia de que os intelectuais querem transformar o mundo deve ser distinguida do pensar-se em que medida, realmente, eles têm poder para o transformar.
E, além disso, penso que devemos definir o que intelectual seja. Creio que o intelectual só pode ter uma função efectiva na medida em que à sua formação técnica, literária, ou o que seja, ele acrescentar uma consciencialização crítica do mundo em que vive e dos problemas com que se enfrenta.
Nesse sentido, qualquer pessoa pode ser um intelectual; e, uma pessoa com uma alta formação universitária ou com uma carreira burocrática, etc. pode não o ser.
Excerto da entrevista Vida Mundial, Lisboa, 25 de Agosto de 1972 por João Carreira Bom
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço