Sena mostra a sua vulnerabilidade sem se ajoelhar
O mundo é tão grande e tão rico, e a vida tão cheia de variedade, que nunca faltarão motivações para poemas. Mas hão-de ser sempre poemas circunstanciais, quer dizer, a realidade terá de proporcionar-lhes o motivo e a matéria.
Goethe em «Conversações de Goethe com Eckermann»
- 18 de Setembro de 1823.
Citação que consta de Pedra Filosofal (1950) I - Circunstância
in Poesia I de Jorge de Sena
À margem dos poemas, há pequenas notas, citações, que Sena vai apontando como uma conversa íntima que vai mantendo com o seu leitor: não só escreve poesia pelo seu próprio punho, mas também partilha as suas leituras.
Nas páginas dos seus livros não se experiencia uma leitura monodimensional, muito pelo contrário, a sensibilidade intelectual do poeta espraia-se para fora dos seus versos de encontro ao leitor com quem mantém uma conversação tertuliana.
Sena mostra a sua vulnerabilidade sem se ajoelhar, questionando filosófica e metafisicamente o mundo, refugiado na sua intimidade humana e ao mesmo tempo saindo dela, afrontando sem desculpas e sem rodeios a condição humana.
Os seus versos palpitam de tensão espiritual, desafiando a norma que propositadamente se complexifica para não ser dissolvida.
Houvesse uma fórmula que definisse a sua poesia, seria aquela que multiplicasse infinitamente o conhecimento de si próprio pelo do mundo.