11
Ago21
Silêncio apenas, como que silêncio
Era um silêncio como de inocência
em que as ouvidas vozes não surgiam
de algum sentido que nas coisas reste
de iguais palavras com que foram ditas.
Silêncio apenas, como que silêncio
de quando a aragem pelas folhas passa
e em ténue erguida poeira se adivinha.
De um tal silêncio escuso havia rasgos
alheios uns aos outros pelo espaço
e pelo tempo como brandos lagos
de límpida planura circunscrita.
Excerto do poema As Crianças Cantavam
Fidelidade (1958)
in Poesia II de Jorge de Sena