Sophia de Mello Breyner Andresen | Coral
Sophia destruiu Coral.
Chegou a rasgar todos os poemas que provavelmente lhe caíram aos pés despedaçados e lentos como neve de papel. Foi um amigo muito dedicado que os apanhou, reconstituiu e colou pedacinho a pedacinho. Depois enviou-o a Sophia que reconsiderou.
"Assim se salvou o livro", afirma Eugénio de Andrade, que sabia que Coral era o nome do gato de Sophia.
Lembra o poema -"Ia e vinha/ E a cada coisa perguntava/ Que nome tinha" -, exactamente como fazem os gatos, diz, e conta que numa ocasião defendeu essa teoria e Sophia não gostou nada. "Parecia-lhe que o poema assim ficava diminuído. Não sei porquê", conta o poeta a rir-se.