As autoridades acabariam por prender Sócrates, acusando-o de corrupção dos jovens e de não acreditar nos deuses da cidade.
Foi julgado e condenado à morte com veneno e o relato pormenorizado do seu julgamento e da sua morte é uma das tragédias mais inspiradoras da história do pensamento humano.
Sócrates ensinava as pessoas a questionarem tudo, expondo a ignorância daqueles que se encontravam no poder, o que o tornou numa figura controversa e odiada. De tal modo, que num dos festivais públicos da cidade, Sócrates foi caricaturado no teatro perante toda a população de Atenas por Aristófenes, com a peça As Nuvens.
Especialistas atribuem a Sócrates a criação de uma das mais importantes figuras de linguagem: a ironia.
O método é estabelecido ao interrogar-se o interlocutor com uma série de perguntas até que uma contradição surja, invalidando a suposição inicial.
Para sair dessa indecisão, o interlocutor teria que praticar o exercício da maiêutica.
Para alguns estudiosos, o método socrático, cujo princípio é construir o conhecimento em vez da mera transmissão de ideias, é uma das melhores formas de ensino já concebidas.
Ao confirmar a sua ignorância, Sócrates demonstrava sabedoria, que se focava em unir o saber ao fazer.
Segundo relatos, Sócrates levava uma vida simples. Participou ativamente da democracia da cidade de Atenas. Inclusive, serviu como soldado durante três anos, chegando a participar da Guerra do Peloponeso.
Alguns estudos indicam que Sócrates não tinha uma aparência muito agradável. Foi descrito como um homem baixo, robusto e com grandes olhos a saltar das órbitas.
Platão, o seu aluno, chegou a afirmar que ele não era “nada atraente”. O ateniense também ficou conhecido por ter sido retratado de forma pejorativa em algumas sátiras. Tinha poucos amigos.
A acutilância de Sócrates na crítica à sociedade ateniense da altura, dilacerada pela guerra, por uma série de conflitos internos e por uma decadência moral devida, em grande parte, ao relativismo propagandeado pelos sofistas, levou a que se tornasse numa personagem demasiado incómoda para ser tolerada.
Foi acusado de corromper os jovens e de impiedade por não acreditar nos deuses da cidade.
Enfrentando o processo com a maior serenidade, recusou o exílio e acabou por ser condenado à morte pela ingestão de cicuta.
A «missão socrática» não tinha por objectivo a mera promoção intelectual dos que o ouviam; longe disso, ao admitir como autêntica virtude humana o conhecimento, combatendo a ignorância estava também a perseguir o aperfeiçoamento moral dos indivíduos - o mal e as condutas injustas são apenas fruto da ignorância e a ética é correlativa à sabedoria.
Uma vez atingida pelo opositor a autoconsciência da sua profunda ignorância, Sócrates não propunha qualquer solução para os problemas identificados. Dotado de uma fé inquebrável na realização da razão, acreditava que esse procedimento era suficiente para indicar o caminho do saber genuíno.