Porque subjacente à história que nos conta está a alma de um poeta sonhador. De um poeta sonhador que amava as crianças e os adultos e acreditava que, volvido o flagelo da guerra, adviria um mundo melhor para todos.
As pessoas têm estrelas, que não são as mesmas para todas elas. Para uns, os que viajam, as estrelas são guias. Para outros não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Todas essas estrelas, porém, permanecem caladas. Mas tu terás estrelas como ninguém tem...
Aquele - disse o principezinho enquanto continuava a viagem -, aquele será escarnecido por todos os outros, pelo rei, pelo vaidoso, pelo bêbado, pelo homem de negócios. Contudo, é o único que não se mostra ridículo. É talvez porque se interessa por tudo, menos por si próprio.
Voar sempre fascinou Saint-Exupéry. E voar é, de facto, o melhor dos fascínios.
E um dia, num dos seus voos de Paris para Saigão despenhou-se, juntamente com o seu mecânico adjunto, em pleno Deserto do Saara. Vaguearam pelo deserto durante 3 a 4 dias e, quase desidratados, foram salvos pelas tribos nativas.
Quero acreditar que foi exactamente este o momento em que ele sentiu O Principezinho a nascer-lhe no coração. É assim também que o livro começa, com um avião caído no deserto e um aviador à espera de ser salvo. E que o foi, de facto, pela sabedoria de uma criança.
Nessa altura não fui capaz de perceber nada. Devia tê-la julgado pelos actos e não pelas palavras. Ela perfumava-me e esclarecia-me. Não devia ter fugido. Devia ter adivinhado a sua ternura para além das suas pobres astúcias. As flores são tão contraditórias! Mas eu era jovem de mais para a saber amar.
Na verdade, havia no planeta do principezinho, como em todos os planetas, ervas boas e ervas ruins. Portanto, devia haver sementes boas de boas ervas e ruins sementes de ervas ruins. Mas as sementes não se vêem. Dormem no segredo da terra até que, a uma delas, lhe dê para acordar. Então espreguiça-se e lança, a princípio timidamente, na direcção do Sol, uma encantadora hastezinha inofensiva.
Se for uma haste de cenoura ou de roseira, podemos deixá-la crescer à vontade. Mas se se trata de uma planta daninha, mal se dê por isso é necessário arrancá-la imediatamente.
Como aqui tinha referido O Principezinho é tão profundamente bonito que deveria ser lido por toda a Humanidade.
A ingenuidade das palavras dão-lhe uma profundidade tão humana que não parei de me espantar página a página.
Escrito com rara sensibilidade e sentido poético. O Principezinho é um livro para todas as idades que nos enleia e seduz, da primeira à última página. Um livro único que encanta como poucos crianças e adultos.
Crianças que se sentem felizes por ser crianças - e adultos que se sentem felizes por não terem deixado morrer dentro de si as crianças que um dia foram.