Qualquer filosofia é necessária para aprendermos a pensar de forma crítica. Ajuda-nos a ver o mundo de maneira diferente e a mudar a nossa atitude.
A famosa premissa "conhece-te a ti mesmo" inscrito no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, no século IV a. C. é a base da filosofia desde o seu nascimento.
Aliás, a filosofia não está distante da nossa vida quotidiana, muito pelo contrário, ao estar presente nela ajuda-nos a tomar decisões conscientes, a conhecer-nos a nós próprios, a não nos alienarmos da realidade que nos rodeia.
Quando caímos num vazio existencial procuramos o consumismo e o produto que compramos assume as características humanas que não temos e gostaríamos de ter. Passamos a ser aquilo que consumimos, a ser o objecto em detrimento da nossa humanidade.
Tudo se resume a uma simples escolha, uma escolha crítica.
Foi o crítico Alexandre que me pôs em guarda contra a crítica supérflua. Não devemos corrigir bruscamente as pessoas pelos seus erros gramaticais, provincialismos, ou má pronúncia; é melhor sugerir a expressão correcta, apresentando-a nós próprios delicadamente (...)
As minhas dívidas para com Sexto incluem a bondade, a maneira como dirigir o pessoal da casa com autoridade paternal, o verdadeiro significado da Vida Natural, uma dignidade natural, uma intuitiva preocupação pelos interesses dos amigos, e uma paciência bem disposta com os amadores e os visionários.
A disponibilidade da sua delicadeza para com toda a gente emprestava à sua convivência um encanto superior a qualquer lisonja, e, contudo, ao mesmo tempo, impunha o completo respeito de todos os presentes.
Também a maneira como ele precisava e sistematizava as regras essenciais da vida era tão ampla quanto metódica. Nunca mostrando sinais de zanga ou qualquer emoção, ele era, ao mesmo tempo, imperturbável e cheio de bondosa afeição. Quando manifestava a sua concordância, fazia-o sempre calma e abertamente, e nunca fazia alarde do seu saber enciclopédico.
Já aqui tinha comentado que o meu interesse pela filosofia tem aumentado nestes últimos anos, especialmente pelo estoicismo, a que mais tem influenciado a minha perspectiva humana do mundo.
Neste momento estou a ler Meditações de Marco Aurélio. Aliás, é um livro para se ir lendo. Não é um livro para se fechar na última página, mas para se manter aberto.
A filosofia não se encerra em si mesma: observa, reflecte, questiona e tenta responder lógica e racionalmente às questões que ela própria coloca.
A busca do conhecimento de si e do mundo não se esgota num livro, é apenas um ponto de partida.
Meditações de Marco Aurélio é o meu ponto de partida pelo amor (philo) ao conhecimento (sophia).
Apolónio convenceu-me da necessidade de tomar decisões por mim mesmo, em vez de depender dos acasos da sorte, e nunca, nem por um momento, perder de vista a razão.
Se alguém, depois de se zangar comigo num momento de mau humor, mostrasse sinais de querer fazer as pazes, devia mostrar-me logo disposto a ir ao encontro dos seus desejos. Também devia ser rigoroso nas minhas leituras, não me contentando com as meras ideias gerais do seu significado; e não me deixar convencer facilmente por pessoas de palavra fácil. Por ele, vim também a conhecer as Dissertações de Epicteto, das quais ele me deu uma cópia da sua biblioteca.
Ensinou-me também a suportar o trabalho árduo, a não precisar de muitas coisas, a atender as minhas necessidades sem incomodar os outros, a não interferir nos negócios de terceiros e a não dar ouvidos a calúnias contra eles.
Com Diogneto aprendi a não me ocupar com coisas inúteis, não dar crédito aos grandiosos profissionais que alegam feitos extraordinários, ou aos magos que falam dos seus encantamentos e poderes de afastar demónios e similares.
Com meu avô Vero, aprendi a ter boas maneiras e a controlar a raiva.
Com as notáveis lembranças do meu pai, obtive um modelo de humildade e coragem.
Com minha mãe, aprendi a ser religioso e generoso e a não somente evitar fazer o mal, mas também a pensar nele; a viver com simplicidade, algo nada costumeiro entre os abastados.