Já a pensar em férias, ando completamente esquecida de tudo ao meu redor.
No entanto, não poderia esquecer a 94.ª Feira do Livro de Lisboaque já começou e irá prolongar-se até dia 16 de Junho.
Mais tarde irá decorrer a Feira do Livro do Porto, entre 23 de Agosto e 8 de Setembro nos Jardins do Palácio de Cristal em que Eugénio de Andrade será o autor homenageado.
A 23 de Abril celebou-se o Dia Mundial do Livro. Comemorado desde 1996, este ano foi assinalado com um cartaz muito especial, que assinala os 500 anos do nascimento de Camões. «Esta comemoração não reverencia apenas o legado literário do poeta, mas também pretende destacar a vastidão do seu conhecimento e a influência duradoura que exerce sobre as culturas de língua portuguesa em todo o mundo.»
E, já que se fala de Camões, a não perder a leitura do artigo:Com que pena lembramos Camões? de Fátima Vizeu Pinheiro: «Celebrar Camões é celebrar a aspiração de amor que todo o homem traz em si, fogo que arde sem se ver. Celebrar Camões é celebrar Abril sem que os cravos tapem o poeta.»
Logo a seguir, comemoraram-se 50 anos do 25 de Abril e, à guisa de celebração, comprei alguns livros da Colecção Biblioteca da Censura. Entre 1933 e 1974, o Estado Novo censurou e proibiu uma longa lista de livros, por os considerar capazes de “perversão da opinião pública”. Agora podemos ler alguns desses livros que constam dessa mesma colecção. Na capa de alguns deles consta o carimbo da proibição original do Estado Novo.
E falando de censura, «A história da censura é longa e universal. Cinquenta anos passados do 25 de Abril, importa reflectir acerca das razões de estado invocadas para proibir determinantemente a leitura de uma ou de várias obras de um autor. O caso português é particularmente interessante. Num país de analfabetos, proibir a leitura parece ser um número de comédia semelhante a proibir um cego de ver televisão.» Obrigatório ler A longa noite dos livros censurados de Vasco Medeiros.
Impõe-se um desabafo para justificar a minha ausência de muitas semanas. Tive um súbito desejo de me desconectar do mundo e assim o fiz.
Refugiei-me num lugar só meu, onde pude estar sem ser vista. Li, escrevi, dediquei-me a projectos só meus, aprendi coisas novas e a saúde também deu um ar da sua graça pregando-me partidas.
Aqui estou eu de regresso, sem qualquer promessa de escrever diariamente. Apenas prometo que continuarei a ler nos bastidores deste blog e cá virei eventualmente dizer qualquer coisa sobre livros.
Porque a paz é a única que procuramos nos dias de hoje, a Biblioteca Municipal de Sardoal tem patente, entre 4 de março e 1 de abril, a exposição “Literatura pela Paz”, mostra que pretende promover a reflexão sobre a importância da literatura na cidadania para a paz.
De segunda a sexta-feira
Das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30
Sendo 2024 o ano do V Centenário do nascimento de Camões, o Arquivo Nacional Torre do Tombo promove uma mostra documental para comemorar aquele que é o expoente máximo da história da literatura e da língua portuguesa.
Após este pequeno grande interregno de algumas semanas, espero voltar a publicar no Livrologiacom a regularidade que me é habitual.
Ao longo do mês de Fevereiro a Biblioteca Municipal de Lagoa vai promover a atividade “Encontro às Cegas com um Livro na Biblioteca”, para assinalar o Dia de São Valentim, desafiando-a/o a ir ao encontro marcado com o livro da tua vida!
Estou curiosa para ler a nova biografia de Luís de Camões que vai ser publicada em Junho, nos 500 anos do poeta e que mostra o homem por detrás do mito, num trabalho de cinco anos de Isabel Rio Novo: “Fui-me divertindo raspando a patine do busto e descobri o homem que existe por baixo dessas camadas de sentido que lhe fomos acrescentando”, disse, afirmando: “Camões foi um indivíduo do seu tempo, genial do ponto de vista do talento e da capacidade de refletir sobre a vicissitude da sua existência, mas enquadrado no seu tempo.”
Ainda não tem data, mas já tem mês marcado. O Book 2.0 volta em Setembro para discutir a leitura com os leitores. O presidente da APEL garante que, tal como a primeira edição, o Book 2.0 vai trazer um debate “livre, franco e aberto” sobre os livros: “Vamos ter uma segunda edição. Já estamos a prepará-la e acho que vai ser ainda melhor que a primeira”, revela Pedro Sobral. “Será em setembro de 2024. Ainda não temos uma data precisa porque estamos a afinar detalhes como o local”, explica.
O empréstimo de livros electrónicos em bibliotecas públicas vai mesmo avançar este ano. É expectável que a plataforma que irá permitir a requisição de ebooks a qualquer pessoa inscrita numa biblioteca pública em Portugal fique operacional até Junho.
O Politécnico de Coimbra está a promover uma campanha de doação e partilha de livros intitulada “A magia está na partilha”, para dar a possibilidade de acesso aos mais variados livros a qualquer membro da instituição. Até ao dia 07 de Fevereiro, “os livros poderão ser doados voluntariamente por estudantes e trabalhadores, docentes e não docentes, em pontos de recolha previamente definidos (...) e no Dia Internacional da Doação de Livros, 14 de fevereiro, os livros doados serão recolhidos e posteriormente redistribuídos por diversos espaços do Politécnico de Coimbra".
Como é que a IA está a afectar a literatura? Nesta era de desenvolvimento tecnológico da inteligência artificial é imperativo saber se um determinado conteúdo foi ou não gerado com recurso a inteligência artificial e, se sim, em que medida. “Um humano, mesmo que lesse 24 horas por dia, nunca conseguiria absorver a quantidade de informação [à deriva na Internet] que já alimentou o ChatGPT. Mas as pessoas, ao contrário das máquinas, têm espessura psicológica e isso não é replicável, pelo menos ainda”, assevera Mário Figueiredo, que não ignora o facto de ser possível pôr IA a “criar literatura a metro, ao estilo deste ou daquele”. “Agora, com substância e consistência, duvido. Com a tradução é o mesmo. Dá para despachar trabalho, mas não é bom”, diz o especialista.
Há ainda muitas desigualdades na estante. O espaço ocupado ainda é maior para os livros assinados por homens do que para as mulheres. Por isso, em 2023, a Aurora - uma livraria que só vende livros escritos por mulheres - abriu as suas portas em Lisboa. “Sempre que se abordam as desigualdades existentes em Portugal, que uma grande fatia dos portugueses continua a ignorar porque somos um povo ainda muito patriarcal e conservador, isso gera controvérsia. Mas nós sabíamos que a crítica vinha precisamente de um espaço de reflexão e mostrava que estávamos a tocar nas feridas certas das nossas fundações enquanto sociedade. Mas as críticas foram passageiras e a Aurora veio fazer aquilo que era o nosso objetivo: abrir este diálogo e aumentar a presença de vozes femininas na literatura em Portugal. E isso reflecte-se nos números. Nunca se publicaram tantos livros escritos por mulheres como nos últimos dois anos”, garante.
A Europa-América, uma das mais antigas editoras portuguesas, está de volta ao mercado editorial. Foi através das edições acessíveis desta editora que li muitos dos livros que fazem parte da minha história como leitora, por isso aplaudo a coragem do seu regresso. O objectivo é não só relançar a marca, mas também garantir a publicação regular de autores não editados em Portugal, fomentando a leitura junto de novos públicos.
Ao longo de 11 dias Braga foi palco do Festival Utopia e do que de melhor o livro tem para dar. Um evento com mais de 100 convidados que, em conjunto com as forças vivas da cidade — universidades, bibliotecas, livrarias, agentes culturais — contou com autores de primeira linha. Ricardo Araújo Pereira, Miguel Esteves Cardoso, Ludmila Ulitskaya, David Mitchell, Bruno Nogueira, Lídia Jorge, José Rodrigues dos Santos, ou Gilles Lipovetsky foram alguns dos nomes que passaram pela primeira edição do Utopia, que teve como tema “Territórios Literários”.
Em 2024, o Utopia vai voltar a sublinhar a importância do livro em todas as suas dimensões, “invadindo” as ruas e espaços culturais de Braga, e tendo como prioridade o reforço da participação das estruturas locais. Posteriormente, o Utopia “voará” para outros destinos. A organização pretende que a iniciativa, criada como uma marca de festivais literários, chegue a Espanha em 2025 e à América Latina em 2027:
Tal como a ilha imaginada por More, toda a literatura é uma utopia que defende e projecta uma certa ideia de bem comum. Simultaneamente, é através de parábolas e imagens inventadas que os autores são capazes de expor os medos, os sonhos e os anseios dos homens.
Foi anunciado o autor laureado pelo Prémio Nobel da Literatura, o norueguês Jon Fosse. A Academia Sueca indicou que o prémio é atribuído "pelas suas peças de teatro e prosa inovadoras que dão voz ao indizível".
Jon Fosse está publicado em mais de 50 línguas e escreveu romances, peças de teatro, poesia, livros para crianças e ensaios. Frequentemente comparado a Samuel Beckett, Henrik Ibsen e Thomas Bernhard, a obra de Fosse foca-se em questões existenciais como a morte, o amor, a fé e o desespero.
Escreve, replicando o ritmo e a repetição de uma oração, e a precisão obsessiva do seu trabalho transformou o seu estilo numa nova forma literária, em que a metafísica ultrapassa o conteúdo. Por isso, a experiência de leitura dos seus livros é comparável à da meditação.
O autor confessa:
Quando consigo escrever bem, sinto-me conectado com algo que não sou eu de certeza.
Escrever é, para mim, um ato de escuta. O que escrevo vem do que já escrevi antes, no mesmo texto, e de algo mais. Não é a minha imaginação, é algo que, de alguma forma, me é dado. É uma dádiva.